Lilypie Second Birthday tickers

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domingo, 3 de abril de 2011

Amamentar pode ser complicado

A mamadeira salvou a pátria da educadora Carolina Carneiro

"Quando engravidei da minha primeira filha, me preparei para a amamentação. Lia livros, revistas e fiz curso na maternidade. Pelo que todos diziam, parecia infalível: toda mulher pode amamentar, toda mulher produz o suficiente para seu bebê, só o leite materno é completo...

Minha pequena nasceu e eu fiz tudo direitinho. Por isso, quando ela começou a chorar todos os dias, nem desconfiei de fome. Era um choro que durava a arde inteira, às vezes o dia inteiro. Pensei: “Só pode ser cólica!”. Fazia massagem, coloquei saco quente, e o choro não parava. Uma visita ao pediatra mudou tudo. Ela não tinha ganhado peso. Ele, percebendo o que acontecia, recomendou que eu desse 90 ml e fórmula após a mamada. Nunca vou esquecer o que aconteceu. Após uma mamada completa no seio, meu bebê sugou desesperadamente até a última gota do tal “complemento”. Muitas mamadeiras se seguiram e o choro desapareceu completamente.

Não tinha sido preparada para essa possibilidade e fiquei frustrada, achando que tinha eito algo errado. Por isso, quando engravidei novamente, fiz tudo de novo. Preparei-me, i, assisti a palestras... E o bebê simplesmente não abocanhava o seio. Fiquei com o bico todo esfolado e o peito duro de tanto leite preso, mas não desisti. Chamei uma especialista de um grupo de amamentação e segui em frente. Ela me encorajava, puxava o bico do seio, tentava encaixar a boca do neném, massageava e ordenhava... e eu acreditando que isso era o certo. Caí em mim na primeira consulta ao pediatra. Ela tinha emagrecido 800g desde sua saída da maternidade e ele disse: “Se ela emagrecer mais um grama vamos ter de interná-la, comece a dar mamadeira agora mesmo!”.


Não sei nem explicar o que senti. Será que a tão experiente mulher, que ia a minha casa todos os dias, não viu o que estava acontecendo? Foi aí que percebi que esse assunto é tratado com tanto radicalismo que até parece que, para algumas pessoas, o mais importante não é alimentar o bebê, mas, sim, amamentar! Quando engravidei da terceira, meu marido, tão traumatizado quanto eu, dizia: “Vamos dar mamadeira direto!”.

Queria tentar, mas uma mastite me impediu de amamentar a Alice. Tudo bem, já sabia que não era o fim do mundo. Difícil era ver a cara das pessoas ao me ver dando a mamadeira. Parecia que era veneno, quando, na verdade, era uma fórmula que tentava se apoximar do leite materno, dada com todo o meu amor e a vontade de alimentar bem meu bebê.

Penso que as grávidas e jovens mães têm direito de saber das dificuldades que podem ter ao amamentar e que, se não der certo, tudo bem. O bebê pode ser saudável de outra maneira. Tão importante quanto incentivar a amamentação é informar que as fórmulas infantis de hoje são nutricionalmente equilibradas e podem ser dadas até os seis meses de vida; que as defesas da mãe são passadas para o bebê também pela placenta; que mamadeiras ortodônticas ajudam a desenvolver a musculatura facial; que dar mamadeira no colo olhando nos olhinhos do bebê também fortalece o vínculo. Amamentar ao seio é o MELHOR, mas não o único meio de prover uma alimentação saudável.

Com o tempo descobri que dar mamadeira é tão normal quanto amamentar. Quem me ensinou isso foram minhas filhas: saudáveis e espertas. Hoje digo que sofri à toa. Minhas meninas estão todas bem e (querem saber?) a mais velha nunca pegou um resfriado!"


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